Tesla aposta em IA para carro autônomo; conheça os segredos do software
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Na noite de 31 de dezembro de 1999, enquanto o mundo celebrava a chegada de um novo milênio com grande entusiasmo, um sentimento de apreensão tomava conta de uma parte da população. Rumores e temores acerca do chamado “Bug do Milênio”, deixavam muitos em estado de alerta, com preocupações que iam desde cortes de energia até perdas financeiras catastróficas.
O “Bug do Milênio” referia-se a um erro específico em sistemas de computadores que poderia causar mal funcionamento ao interpretar incorretamente o ano “2000” como “1900”, devido à prática anterior de representar anos com apenas dois dígitos. A preocupação era que essa falha pudesse levar a erros generalizados em sistemas essenciais, desde serviços bancários até infraestruturas críticas.
Este momento da história é retratado no documentário Y2K Bomba-Relógio, disponível na HBO Max. O filme mostra um clima de medo entre muitas pessoas, que assistiam apavoradas às reportagens de TV sobre o possível Bug e tentavam se proteger de um colapso global, chegando a construir bunkers e a estocar comida.
As previsões sobre as possíveis consequências desse bug eram alarmantes, abrangendo desde falhas catastróficas no sistema bancário e judiciário até problemas potenciais na Receita Federal.
O cenário descrito era digno de um filme de ficção científica: dados importantes seriam destruídos, o fornecimento de energia elétrica poderia ser interrompido por períodos indefinidos, usinas nucleares e aeronaves estariam sujeitas a falhas críticas, e recursos financeiros poderiam desaparecer dos bancos devido a cálculos errôneos de débitos e investimentos.
Nesse contexto de incerteza, figuras proeminentes como o secretário de defesa dos Estados Unidos da época chegaram a comparar o bug ao fenômeno climático El Niño, sugerindo um impacto imprevisível e abrangente nos sistemas computadorizados. Até mesmo o presidente Bill Clinton se viu compelido a fazer um pronunciamento sobre a questão, numa tentativa de tranquilizar a população.
A mídia, muitas vezes mal informada, contribuiu para o clima de pânico com reportagens sensacionalistas que amplificavam os temores.
No cerne desse temor estava a crescente dependência da sociedade em relação à tecnologia, especialmente em setores críticos como hospitais, bancos e comércio, todos gerenciados por sistemas computadorizados vulneráveis ao bug.
Diante daquele contexto, as empresas tech se valorizavam de forma acentuada, formando o que ficou conhecido como a “bolha da internet”.
Como todos sabemos, o Bug do Milênio não se concretizou, mas a bolha da internet “estourou” e fez com que muitos investidores perdessem todas as suas economias.
“Assistir a esse documentário vale muito a pena para você perceber como era a atmosfera da época. As pessoas lidavam como se fosse o fim do mundo. Foi um momento muito tenso na história da humanidade”, afirma Richard Rytenband, analista-chefe da Convex Research.
O termo “bug”, usado para descrever falhas ou erros em sistemas, tem suas raízes na história da tecnologia, remontando a 1876 com Thomas Edison, que mencionou “dificuldades elétricas” em seus experimentos.
No entanto, foi em 1945 que o conceito ganhou notoriedade no campo da informática. Durante uma manutenção em um dos primeiros computadores na Universidade de Harvard, uma mariposa encontrada presa em um dos componentes levou a cientista Grace Hopper, uma pioneira no campo da tecnologia e parte da equipe, a documentar o incidente como um “bug” no sistema.
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