Ouro bate recorde histórico; o que está por trás da alta?

Em meio a um cenário de estagflação global e proximidade de uma recessão, com os bancos centrais voltando a estimular as economias, o ouro atingiu sua máxima histórica na última semana, ultrapassando a marca de US$ 2.100 a onça.

Aliado a todo este cenário macroeconômico, especialistas vinham pontuando há algum tempo que o preço do ouro poderia quebrar níveis recordes com a crescente tensão geopolítica – especialmente depois que começou o conflito entre Israel e o Hamas, no Oriente Médio.

Desde que os terroristas do Hamas atacaram Israel, no dia 7 de outubro, o preço à vista do metal subiu acentuadamente. A explicação é que quando as incertezas aumentam e o mundo passa a se questionar sobre um possível aumento da escalada de violência – que poderia causar uma reação em cadeia e até mesmo afetar outras nações –  os investidores correm em busca da segurança do metal, que é visto como uma reserva de valor em tempos de incerteza geopolítica.

“Os preços do ouro e da prata estão subindo mais ainda devido às incertezas causadas pela tensão geopolítica no Oriente Médio. Após a eclosão da guerra de Israel, o ouro ficou ainda mais no foco dos investidores. As notícias sobre o conflito funcionarão como um importante gatilho para os preços do metal no curto prazo”, disse um executivo do setor de commodities à imprensa internacional.

Recorde anterior em meio à pandemia

O ouro havia atingido seu recorde histórico anterior, de US$ 2.072 por onça, em agosto de 2020, quando a economia dos EUA foi duramente atingida pela Covid-19, fazendo com que os investidores procurassem o metal precioso como uma forma de se proteger das incertezas.

No começo de 2023, o metal esteve perto de quebrar esse recorde, em grande parte devido à crise bancária regional nos EUA. Naquele momento, diversos bancos médios começaram a enfrentar problemas de solvência, desencadeando o temor de que uma nova crise poderia se espalhar pelo setor financeiro.

Apesar das notícias sobre este tema terem diminuído na mídia convencional, este é um assunto que ainda pode ter desdobramentos importantes. Isso porque os títulos de renda fixa de primeira linha nos EUA perderam valor com a alta dos juros. O problema é que eles eram usados como garantias (também chamadas de colaterais) pelos bancos médios e essa queda de preço pode causar grandes problemas para esses bancos nos EUA, que já vêm enfrentando dificuldades há algum tempo.

Bancos centrais compraram mais

Contra a intuição de muitos investidores, o metal atingiu seu recorde mesmo com o aumento das taxas de juros em todo o mundo. Neste tipo de cenário, uma análise menos profunda pode apontar que investir em ativos que pagam um rendimento poderia ser mais vantajoso – o que percebemos com esse ATH (all time high) do ouro que nem sempre é verdade.

Mas a verdade é que em um cenário de estagflação global e aumento de incertezas, bancos centrais de vários países passaram a comprar uma grande quantidade de ouro para suas reservas, apoiando o aumento dos preços.  

De acordo com um relatório do World Gold Council (WGC), os bancos centrais compraram 800 toneladas do metal precioso nos primeiros nove meses do ano, um aumento de 14% em relação ao mesmo período do ano passado.

O destaque vai para a China, que liderou o ranking. O Banco Popular da China informou ter adquirido 181 toneladas do metal precioso entre janeiro e setembro deste ano, elevando a participação do ouro para 4% das suas reservas totais.

Por lá, um yuan mais fraco, aliado a um mercado de ações pouco atrativo e um setor imobiliário conturbado, também encorajaram os investidores do país a optarem pela compra de ouro como reserva de valor e proteção de patrimônio.

A Polônia, com 57 toneladas, e a Turquia, com 39 toneladas, aparecem logo em seguida como os maiores compradores no terceiro trimestre, depois da China. Outros oito bancos compraram mais de 1 tonelada.

Importante destacar que os bancos centrais reportam aquisições de ouro ao FMI (Fundo Monetário Internacional), mas os fluxos globais do metal sugerem que o nível real de compras– especialmente da China e da Rússia – tem sido muito superior ao relatado oficialmente.

O WGC estimou 129 toneladas de compras do banco central acima do que foi oficialmente reportado no terceiro trimestre, elevando as compras oficiais do setor para 337 toneladas.

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