Merge do Ethereum: o que isso mudará para a rede?

Durante a madrugada desta quinta-feira (15), a rede Ethereum concluiu com sucesso um dos eventos mais importantes da história do universo cripto: a atualização conhecida como Merge (Fusão, em português).

Originalmente planejada para 2019, a atualização do ecossistema Ethereum é um marco aguardado desde a criação da rede, em 2015. Isso porque a Fusão reduzirá o gasto energético da rede e também implementará um novo mecanismo de renda passiva integrado à blockchain.

“Em 2014, o cofundador da Ethereum, Vitalik Buterin, publicou o whitepaper que conceituou “A Next-Generation Smart Contract and Decentralized Application Platform” – Ethereum. Inicialmente lançado com um algoritmo de consenso de Proof-of-Work (PoW) em 2015, a visão sempre foi que o Ethereum se tornasse uma rede Proof-of-Stake (PoS)”, explicou Giovanni Rosa, da equipe da casa de análise independente Convex Research.

O objetivo da atualização é unir a blockchain original, mantida por um sistema de mineração do tipo proof of work (PoW) – o mesmo que é utilizado na blockchain do Bitcoin – com a rede que funciona sob o sistema Proof-of-Stake (PoS).

“O “The Merge” sempre esteve no roadmap da Ethereum e todo investidor deve (ou deveria) saber.”, disse Giovanni.

A proof of work (prova de trabalho, em português) é o processo no qual os dados e informações de cada transação feita dentro de blockchain são checados e validados a partir do trabalho dos mineradores, que utilizam computadores com alta capacidade de processamento para resolver contas matemáticas complexas.

Concorrendo entre si para a resolução destas contas, são recompensados com a criptomoeda nativa da rede como pagamento por solucionar o bloco.

Já na proof of stake (prova de participação, em português), não há o envolvimento de mineração e nem de mineradores resolvendo contas complexas. Neste caso, quando a transação é feita, a blockchain envia um bloco especificamente para um validador.

Esta validador terá um tempo para checar a transação, assinar e encaminhá-la para outros validadores concordarem. O processo todo é feito de forma automática, através de algoritmos da rede.

O que a “Fusão” mudará para a rede Ethereum?

Primeiramente, a transição da validação da rede Ethereum para o tipo proof of stake resultará em uma redução de 99,95% no consumo de energia, uma vez que o processo não envolverá milhares de mineradores usando computadores de alta potência.

Essa consequência, na visão de especialistas, deve ajudar o Ethereum a ter mais aceitação entre investidores corporativos, já que estará dentro de um modelo mais ecológico.

“Tanto do ponto de vista ESG quanto do ponto de vista de gastos, existe expectativa de maior adoção institucional de cripto pelos players mais sensíveis ao uso de energia elétrica de outros protocolos como o Bitcoin”, disse Alexandre Ludolf, diretor de Investimentos da QR Asset Management, em entrevista ao portal InfoMoney.

Juntamente, como a validação será mais simples, a recompensa por bloco minerado cairá para 0,2 ETH mais as taxas. No proof of work, os mineradores ganhavam  2 ethers (ETH) por bloco minerado mais as taxas de prioridade. 

Contudo, isso não quer dizer que as transações ficarão mais baratas para serem feitas. De acordo com Lucas Santana, analista de research da Hashdex, empresa gestora de criptoativos, os blocos da blockchain da rede Ethereum são pequenos, e por conta disso, existe uma competição entre os usuários por espaço nesses blocos.

Lucas explicou que em 2021, “houve muito congestionamento na rede e as taxas chegaram a dezenas e centenas de dólares por transação”, e como a Fusão não alterará o tamanho dos blocos, esse problema provavelmente não será resolvido no momento.

“O tamanho dos blocos importa porque quanto maior o bloco, maior fica a blockchain. E se ela for muito pesada, limita o acesso das pessoas e a rede ficaria menos descentralizada”, explicou o analista.

Outra característica vantajosa é que, envolvendo processos automáticos, a capacidade de processamento da rede poderá aumentar. Redes como Cardano e Solana, que usam variações do PoS, são teoricamente capazes de realizar centenas ou até milhares de transações por segundo.

Com o proof of work, a rede Ethereum era capaz de executar cerca de 15. Mas, neste primeiro momento, espera-se que a Fusão aumente essa capacidade em um dígito, devido a tempos de bloqueio reduzidos, de 13,3 segundos para 12 segundos.

O aumento significativo deste aspecto seria feito com o “sharding”, que é a próxima atualização programada. Nomeada como “The Surge”, está programada para ocorrer entre o final de 2023 e 2024.

O “sharding” (fragmentação, em português), um processo que faz com que a a rede passa a ser dividida em diferentes partes independentes – shards -, cada uma mantida por um grupo distinto de validadores.

O proof of stake é um requisito básico para a implementação desse sistema, pois com o proof of worrk, o poder computacional ficava dividido entre os mineradores, de forma que poderiam deixar cada “shard” mais vulnerável a eventuais ataques de usuários mal-intencionados.

Até que este momento seja alcançado, o Ethereum vai contar com redes de escalabilidade da Camada 2, como Polygon, Optimism, Arbitrum e outras.

E, por fim, a Fusão transformará a taxa de inflação do ETH, que era de 13.400 ETH ou 4,2%. Com a atualização, a emissão de ETH deve cair para cerca de 0,2%, o que equivale ao “triplo-halving” do Bitcoin. 

Juntamente com a pressão anti-inflacionária proveniente da queima de taxas básicas (introduzidas com o EIP-1559), isso trará um aumento muito maior da demanda sobre a oferta.

A Fusão, de acordo com Giovanni Rosa, fará com que o protocolo de emissão passe “para um processo de “poupança” onde você aloca uma quantidade específica (32 unidade) de Ethers no protocolo e recebe uma recompensa por mantê-los alocados no protocolo”.

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