Queda do bitcoin ensina sobre gerenciamento de riscos e estratégias de investimento

Nas últimas semanas, o bitcoin vem enfrentando um movimento de forte queda. Desde o dia 13 de abril, quando atingiu sua maior cotação histórica na faixa dos US$ 63.500, o preço da criptomoeda recuou quase 40%, sendo negociado na faixa dos US$ 36 mil nesta sexta-feira (21).

Entre os possíveis motivos para o desempenho negativo do bitcoin estão as opiniões polêmicas do CEO da Tesla, Elon Musk, e também algumas medidas recentes anunciadas pelo governo chinês.

Independentemente dos gatilhos que levaram ao tombo dos últimos dias, o desempenho da criptomoeda evidenciou a importância do gerenciamento de riscos e de uma exposição convexa a todo tipo de ativo.

Imagine um investidor que decidiu comprar bitcoin sem nenhum tipo de estratégia no mês passado, motivado apenas pelo preço da tela (que estava acima dos US$ 60 mil).

Ao ver diversas notícias impactando a cotação e o preço despencando, esse tipo de investidor costuma se assustar e vender no pior momento. Neste caso, ele terá amargado grandes perdas por conta da sua falta de estratégia e gerenciamento de riscos.

Já aqueles investidores que vem comprando bitcoin há bastante tempo, dentro de uma estratégia de diversificação da carteira e criação de reserva de valor, se aproveitaram de um forte movimento de alta nos últimos meses e estão cientes sobre qual é a tendência do ativo.

“Estamos muito tranquilos neste momento. Conhecemos o que se passa no ecossistema das criptomoedas, entendemos a etapa do ciclo em que estamos e sabemos o que fazer aguardando os desdobramentos”, afirma Richard Rytenband, economista e CEO da Convex Research.

Ele lembra que, no mercado de criptomoedas, a necessidade de ter uma exposição controlada e baseada em fundamentos é ainda mais evidente por conta das grandes oscilações. “As criptomoedas são a classe de ativos mais volátil do planeta. Por isso, é preciso se expor da maneira correta”, diz.

O economista é criador do CFM (Cripto Fragility Model), relatório que adota uma modelagem específica para criptomoedas, baseado nos conceitos de antifragilidade e utilização de inteligência artificial para mapeamento do sistema.

O CFM usa a tecnologia de Big Data (grandes quantidades de dados) para coletar e analisar milhares de informações do ecossistema de cada criptoativo.

Musk e governo chinês impactaram a cotação do bitcoin

Entre as notícias que afetaram o preço do bitcoin, há cerca de 10 dias, Elon Musk publicou em seu Twitter que a Tesla suspenderia a venda de carros com pagamento em bitcoin. Segundo ele, a empresa está preocupada com o uso crescente de combustíveis fósseis para gerar energia e minerar o bitcoin.

“A criptomoeda é uma boa ideia em muitos níveis e nós acreditamos que ela tem um futuro promissor, mas isso não pode significar um grande custo ao meio ambiente”, diz a mensagem compartilhada por Musk, completanto que a empresa pretende aderir a criptoativos que consumam menos energia.

Mas ele não parou por ai. Poucos dias depois, Musk deixou no ar a possibilidade de que a Tesla poderia vender os bitcoins que possui. Em fevereiro, a empresa informou ao mercado que havia comprado US$ 1,5 bilhão em bitcoins.

Apesar da crítica de Musk ao bitcoin, diversos especialistas mostraram que o consumo de energia gerado na mineração dessa criptomoeda é muito menor do que aquele utilizado no sistema bancário ou na mineração de ouro, por exemplo.

Na mesma linha, a China causou preocupação no começo desta semana ao reafirmar suas regras para o mercado de moedas digitais, que proíbem as empresas do setor financeiro de fornecer serviços para negociação de criptomoedas. Apesar do susto, não é algo novo: estas regulamentações foram criadas em 2013 e 2017 pelo governo chinês.

Nesta sexta feira (21), uma nova declaração do governo derrubou ainda mais a cotação do bitcoin. As autoridades disseram que uma regulamentação mais rígida seria necessária para proteger o sistema financeiro chinês, o que incluiria a repressão da mineração de bitcoin no país.

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