É possível estabilizar a dívida pública brasileira? Entenda o cálculo

A dívida pública brasileira está atualmente em 76,8% do PIB, considerando a metodologia adotada pelo Banco Central. Mas como fazer para que esta relação entre dívida e PIB pare de aumentar?

O analista-chefe da Convex Research, Richard Rytenband, explicou de forma simples e detalhada os cálculos.

Antes de iniciar, precisamos entender um outro conceito importante: o resultado primário, calculado com base na diferença entre toda a arrecadação e as despesas que são pagas pelo governo, mas sem contar os juros da dívida.

Atualmente, o Brasil tem um déficit primário no acumulado dos últimos 12 meses equivalente a 2,52% do PIB. Ou seja, o país gasta mais do que arrecada.

“É um rombo muito significativo. E o Brasil paga como? Se endividando. Não é à toa que a dívida vai crescendo”, explica Rytenband.

Agora, vamos calcular de forma prática quanto o país precisa atingir de resultado primário para estabilizar a relação dívida-PIB.

Para isso serão necessárias apenas três informações:

1 – O patamar atual da dívida em relação ao PIB

Como já citamos, este patamar está em 76,8% atualmente, com base em dados de junho. Essa informação é divulgada no site do Banco Central e também é noticiada pela mídia mensalmente.

2 – O custo da dívida em termos reais, ou seja, descontando a inflação.

 O custo atual da dívida, já com desconto da inflação dos últimos 12 meses, está em torno de 6%. Esta informação também é divulgada no site do Banco Central.

3 – A estimativa de crescimento do PIB

A projeção para este e os próximos é de cerca de 2% de crescimento ao ano. Esta estimativa pode ser conferida no Relatório Focus, divulgado semanalmente pelo BC.

Como calcular:

Multiplique o patamar atual da dívida pela diferença entre o custo da dívida e a estimativa de crescimento do PIB.

A fórmula ficará assim:

Patamar atual da dívida * (custo da dívida – estimativa de crescimento do PIB)

Substituindo pelos números, teremos:

76,8 * (0,06 – 0,02)

O resultado será: 3,07

Logo, 3,07% é o superávit primário em relação ao PIB que o Brasil precisaria atingir para estabilizar a dívida pública.

“Com essa simples equação, você foge das falácias e narrativas de parte do mercado e já estará na frente aí de 99,99% das pessoas. Lembrando, que atualmente temos um déficit de 2,52%. Ou seja, existe uma distância enorme para o superávit necessário, o que demanda um esforço fiscal muito grande”, destaca Rytenband.

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