Entenda a diferença entre PIB potencial e PIB efetivo

Enquanto a maior parte das manchetes de jornais mostram o crescimento da economia baseado apenas no PIB (Produto Interno Bruto) efetivo (ou de curto prazo), o Brasil enfrenta um problema sério: o PIB Potencial (de longo prazo) está estagnado há uma década e o país simplesmente não consegue sair desta espiral de baixo – ou nenhum – crescimento.

O economista Richard Rytenband, CEO da Convex Research, explica as dificuldades que o país vem enfrentando nos últimos anos. “Não há precedentes na história da economia brasileira em que o PIB Potencial tenha ficado estagnado por uma década, como agora. Mesmo nos anos 80, havia uma trajetória de crescimento, apesar de muitos altos e baixos. Agora não”, afirmou.

Para entender melhor o que isso significa, é preciso compreender alguns conceitos. O PIB potencial representa a capacidade produtiva instalada do país. Na prática, é a medida que mostra o quanto uma economia consegue crescer de forma sustentável no longo prazo sem que existam pressões inflacionárias.

Ele é formado principalmente por dois fatores: a produtividade, ou seja, a capacidade de produção da economia; e investimentos – que aumentam a capacidade instalada, a infraestrutura e a tecnologia.

Já o PIB efetivo – de curto prazo, aquele que vemos nas manchetes dos jornais – é formado pelo consumo das famílias, gastos do governo e exportações.

De um ano para o outro, é mais fácil deste PIB ser ‘manipulado’ por ações pontuais, como auxílios do governo às famílias, por exemplo.

A diferença entre essas duas métricas recebe o nome de hiato do produto. Sempre que o hiato do produto está negativo, significa que o PIB efetivo está crescendo a uma taxa inferior ao PIB potencial. Quando o hiato do produto é positivo, acontece o contrário: o PIB de curto prazo subiu a uma taxa superior ao PIB de longo prazo.

O economista mostra que quando o PIB efetivo fica acima do PIB potencial, como agora, a economia começa a operar em território de distorções. “Falta mão de obra, principalmente qualificada, há pouco estoque nas empresas, elas operam muito acima da capacidade, e há uma pressão inflacionária. Então a coisa se complica. E aí costuma acontecer um voo de galinha: com a chegada da inflação, é preciso aumentar a taxa de juros e logo começa uma recessão”, explica Rytenband.

Segundo Rytenband, o melhor dos mundos é fazer o PIB potencial crescer em uma velocidade maior do que o PIB efetivo. Mas para isso, é preciso destravar a produtividade e os investimentos.

 “O nível de investimento depende de um bom ambiente de negócios e segurança jurídica. Ninguém faz um investimento de 15 anos com risco de mudar uma lei [e atrapalhar todo o negócio],” destaca Rytenband. Já a produtividade também está estagnada e vem caindo nos últimos anos. “A produtividade depende de um processo coletivo, de uma estrutura propícia para que ela aumente. Ela não melhora individualmente”, afirma.

O problema, segundo o economista, é que não há sinais de melhora nestes pontos para que o crescimento de longo prazo realmente aconteça. “Na política econômica anunciada atualmente, não há nada na direção da produtividade e nem dos investimentos”, enfatiza.

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