Juros futuros disparam no Brasil com risco fiscal

O risco fiscal cada vez mais acentuado no Brasil tem provocado reações imediatas no mercado financeiro. Uma delas é forte aumento das taxas de juros futuras no país, que afeta toda a precificação de ativos de renda fixa prefixada.

Observando as taxas oferecidas pelo Tesouro Direto, programa de negociação títulos públicos federais pela internet, percebemos que na última semana o retorno dos títulos prefixados disparou.

O título prefixado mais curto disponível no site do Tesouro, com vencimento em 2024, pagava no dia 1º de outubro 10,15%. No fechamento desta sexta-feira, este mesmo título pagava 11,49%, um aumento de 134 pontos base em pouco mais de 20 dias.  (veja abaixo)

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Já o Tesouro Prefixado 2031 com juros semestrais pagava no começo do mês 11,05%. Agora, este mesmo título é oferecido com uma taxa de 11,99% – durante esta sexta-feira esse título chegou a ser negociado com remuneração acima dos 12%.

Nesta semana, o governo anunciou o novo programa social que substituirá o Bolsa Família. De acordo com informações do ministro da Cidadania, João Roma, o auxílio começará ser pago em novembro e terá reajuste linear de 20%. A determinação é que as famílias recebam ao menos de R$ 400.

O problema é que para fazer o pagamento do valor estipulado pelo governo será necessário fazer uma manobra para ultrapassar o teto de gastos, que limita o crescimento da maior parte das despesas públicas à inflação registrada em 12 meses até junho do ano anterior. 

Na última quarta-feira (20), o ministro da Economia, Paulo Guedes, confirmou que parte do pagamento do benefício deverá ser feito fora da regra fiscal.

“Nós pediríamos que isso viesse como um waiver (termo usado para pedidos de perdão ou adiamentos de dívidas). Estamos ainda finalizando, vendo se conseguimos compatibilizar isso”, declarou Guedes. Segundo ele, esse waiver teria “um número limitado, de pouco mais de R$ 30 bilhões”.

As declarações foram muito mal recebidas pelo mercado e dentro da própria equipe do ministério. No dia seguinte, quatro secretários do Ministério da Economia pediram demissão dos cargos, entre eles o secretário de Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal.

Alguns sites chegaram a afirmar que Paulo Guedes também iria pedir demissão do cargo, o que foi desmentido pelo ministro. No final da tarde desta sexta, Guedes participou de entrevista coletiva ao lado do presidente Jair Bolsonaro, confirmando que permanece no cargo.

Segundo analistas, nos próximos dias o mercado de juros futuros deve continuar com muita volatilidade, aguardando novas informações sobre o Auxílio Brasil.

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