População brasileira está envelhecendo sem ter enriquecido

O IBGE divulgou nesta sexta-feira o Censo de 2022 com diversas informações sobre a população brasileira. Entre os dados que foram apresentados pelo Instituto, Richard Rytenband, analista-chefe da Convex Research, destaca um ponto importante e preocupante: o envelhecimento da população sem que ela tenha enriquecido (ou seja, com uma renda média muito baixa).

“Para sairmos dessa dinâmica ruim vamos precisar de muitas reformas para aumentar a produtividade da economia e lidar com mais gastos na previdência e saúde”, afirma Rytenband.

O gráfico abaixo mostra que em 1980, apenas 4% da população tinha mais de 65 anos e 38,2% tinha entre 0 e 14 anos. Em 2010, estes números passaram para 7,4% e 24,1%, respectivamente.

Já no Censo de 2022, 10,9% da população tinha mais de 65 anos e 19,8% estava  entre 0 e 14 anos, uma grande diferença para as décadas de 1980 e 2010.

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O analista lembrou que a produtividade é um importante componente do crescimento de longo prazo, mas está estagnada há décadas no Brasil. “O rápido envelhecimento da população torna a tarefa de aumentar a produtividade ainda mais desafiadora”, aponta.

Utilizando um gráfico do Mercado Popular, Rytenband mostra a velocidade do  envelhecimento da população brasileira comparada com outros países.

“Por exemplo, para a população acima de 65 anos aumentar de 7% para 14% do total, a França levou 115 anos, os Estados Unidos 69 anos, Reino Unido 45 anos, já o Brasil levará 21 anos (de 2011 a 2032). Este é o tipo de tema que merecia estar em destaque no debate econômico”, pontua o economista.

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Vôos de galinha

Recentemente, Rytenband já havia criticado o modelo de crescimento do Brasil, que faz com que o país não consiga ter um avanço em ritmo sustentável. “Qualquer estímulo na nossa economia no curto prazo gera pressões inflacionárias, então por isso que a gente acaba sempre em um voo de galinha”, disse.

O economista destacou que além de aumentar a capacidade produtiva, existe outro “motor” de crescimento para o país: o investimento, mas também temos pouco avanço nesta área nos últimos anos. “O investimento vem caindo. “É só ver o PIB (Produto Interno Bruto) do país. O que impulsionou nesse último trimestre foram gastos do governo e consumo das famílias”, aponta.

Com essa dificuldade de crescimento, ainda devemos enfrentar uma nova onda inflacionária pela frente, o que também deve acontecer em diversos outros países do mundo quando começarem os estímulos fiscais e monetários. A situação fiscal brasileira também é bastante preocupante.

“As contas públicas estão muito ruins. O Brasil está voltando a gastar muito mais do que arrecada. E nós já vimos esse filme antes: queda na arrecadação, com aumento da despesa, provoca aumento do endividamento do país”, alertou.

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