Analisar o balanço contábil costuma ser visto por muitos investidores como uma das únicas maneiras de medir a saúde financeira da empresa. No entanto, é preciso ficar atento e não se basear exclusivamente neste quesito para tomar uma decisão de investimento.
Um caso recente ganhou uma visibilidade enorme e ilustra muito bem essa questão: O escândalo envolvendo um rombo de mais de R$ 20 bilhões no balanço da Americanas.
No começo de janeiro, uma análise preliminar interna da empresa detectou um rombo bilionário em suas contas. A dívida estava relacionada com “inconsistências contábeis” vinculadas à chamada “conta de fornecedores”.
No mesmo dia, o CEO Sergio Rial, e o CFO André Covre renunciaram às suas posições na companhia. As ações simplesmente desabaram desde então e saíram de R$ 12 para os atuais R$ 1,15, uma queda de mais de 90%.
Na mesma toada, os títulos de dívida (debêntures) emitidas pela empresa também perderam quase todo valor de face e agora os investidores esperam o processo de recuperação judicial para tentar reaver pelo menos alguma parte daquilo que aplicaram.
Há algumas semanas, pela primeira vez a diretoria atual chamou o esquema de “fraude” e responsabilizou os diretores anteriores.
Mesmo que auditorias contábeis externas sejam obrigatórias para empresas de capital aberto, não é incomum encontrar casos de fraudes no balanço que, quando descobertos, podem causar grandes impactos aos investidores.
No final da década de 1990, os investidores da companhia de energia norte-americana Enron amargaram um enorme prejuízo depois que foram descobertas fraudes bilionárias no balanço da empresa. Em menos de um ano, as ações desabaram 98%, passando de US$ 90 para R$ 1, causando perdas na faixa dos US$ 74 bilhões aos seus acionistas.
No Brasil, não há estatísticas que apontem o número de fraudes corporativas, mas o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) destaca que o país tem números preocupantes em relação à corrupção – tanto no setor público quanto no privado.
O Índice de Percepção de Corrupção, calculado pela ONG Transparência Internacional, mostra que em uma escala de zero a 100 – onde zero indica países muito corruptos e 100 aponta as nações com baixíssimos níveis de corrupção – o Brasil tem pontuação 35, a pior de sua série histórica.
Isso não significa que você deve duvidar de tudo o que aparece nos relatórios trimestrais e nas informações oficiais da empresa. O mais importante é tomar cuidado ao utilizar esses dados e evitar tomar decisões baseado em apenas uma fonte de informação.
“Vá além dos balanços. Entenda o ambiente regulatório em que a companhia está envolvida, veja o cenário da concorrência local e estrangeira, trace comparativos e veja como está a situação no setor. Por fim, nunca se esqueça de avaliar a etapa do ciclo de mercado que estamos”, aconselha o economista e CEO da Convex Research, Richard Rytenband.
Para mitigar as chances de se basear apenas no balanço da empresa – e acabar correndo riscos desnecessários – existe uma estratégia conhecida como Análise Fusion, que combina análise fundamentalista, técnica, comportamental e quantitativa para embasar a análise nos investimentos.
Na Convex Research, a metodologia utilizada para análise do mercado acionário leva em consideração a estratégia Fusion, e acrescenta camadas a mais. Ou seja, são milhares de informações analisadas e vistas em conjuntura, sem desprezar nenhuma ótica. O maior desafio ao mesclar essas diferentes disciplinas do conhecimento, é realmente conseguir conectar os pontos.
Nos relatórios da Convex é possível ter acesso a diferentes insights e indicadores destas e outras disciplinas das análises financeiras, que são atualizados semanalmente, permitindo aos nosso assinantes ter acesso a um olhar único sobre os mercados através do acesso a dados e informações por diferentes óticas.
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