Personalidades do mercado: Charlie Munger
“O conhecimento verdadeiro é reconhecer que você não sabe nada”. Essa é uma das frases que mostram a humildade do investidor e vice-presidente da Berkshire
Regra número 1: nunca perca dinheiro. Regra número 2: nunca se esqueça da regra 1.
O autor dessas famosas “regras” do mercado financeiro é o megainvestidor Warren Buffett, presidente da holding de investimentos Berkshire Hathaway e um dos maiores expoentes do value investing (tipo de análise que busca empresas com preço abaixo do seu valor justo na Bolsa de Valores).
Nascido em 1930 na pequena cidade de Omaha, no estado norte-americano de Nebraska, Buffett é atualmente a quinta pessoa mais rica do mundo, com uma fortuna estimada em US$ 83 bilhões, de acordo com a Forbes.
Desde criança ele já se mostrava interessado pelo mundo das finanças. Quando tinha apenas sete anos leu o livro 1.000 formas de ganhar US$ 1.000, de Frances Mianker. Gostou tanto que passou a devorar os livros da biblioteca de seu pai que falavam sobre investimentos.
Aos 11 anos fez sua primeira operação na Bolsa de Valores. Comprou ações da empresa Cities Services, que atuava na área de refino e distribuição de combustíveis, por US$ 38. Pouco tempo depois, o preço dos papéis desabou para US$ 27, mas Buffett decidiu não vender. Assim que o preço voltou a subir e bateu os US$ 40 ele realizou seu primeiro (e pequeno) lucro na Bolsa.
No entanto, ele se arrependeu da venda e levou o exemplo como aprendizado sobre a importância do buy and hold (comprar e segurar). Isso porque poucos anos mais tarde, as ações da empresa já valiam mais de US$ 200.
Buffett também sempre teve uma veia empreendedora. Um de seus pequenos “negócios” era comprar doces e garrafas de Coca-Cola no mercadinho do seu avô e depois revendê-los de porta em porta cobrando um pouco mais caro. Também foi entregador de jornais, o que lhe rendeu dinheiro suficiente para comprar algumas máquinas de Pinball (uma espécie de fliperama) e espalhá-las pelas barbearias de Omaha.
Até o final da adolescência, o jovem Buffett já havia acumulado quase US$ 10 mil (valor que hoje equivale a mais de US$ 100 mil, com correção pela inflação).
Quando terminou o ensino regular, ele foi aceito na escola de negócios da Universidade da Pensilvânia, onde cursou administração. Após a concluir a graduação, Buffett tentou uma vaga na Universidade de Harvard, mas não foi aceito. Decidiu então fazer um mestrado na Universidade de Columbia, que tinha como professores David Dodd e Benjamin Graham – dois grandes nomes do mercado financeiro.
Foi justamente a influência de Graham, de quem Buffett se tornou amigo e discípulo, que o levou a analisar os fundamentos das empresas da Bolsa e sempre comprar ações de companhias por preços abaixo do seu valor – o tipo de análise conhecida como value investing.
Neste tipo de abordagem, o investidor procura antecipar-se e perceber antes do mercado onde há oportunidades. Para isso, é necessário realizar análises cuidadosas do balanço e dos resultados da empresa, comparando-as com seus pares e com o setor em que atuam.
Em 1954, depois que terminou o mestrado, Buffett se mudou para Nova Iorque para trabalhar como analista na empresa de Benjamim Graham, chamada Graham-Newman Corp.
Dois anos depois, ele decidiu fundar sua própria empresa de investimentos, a Buffett Partnership Limited, com um capital de US$ 100 mil dele e alguns sócios. O negócio foi bem-sucedido e permaneceu em operação durante 13 anos, quando Buffett resolveu assumir o controle da Berkshire Hathaway, uma companhia têxtil da qual ele vinha comprando ações na Bolsa há algum tempo.
Depois de demitir toda a diretoria da Berkshire, Buffett transformou a empresa em sua holding de investimentos, usada para comprar participações de muitas companhias ao longo dos últimos 50 anos.
Sempre ao lado de Charlie Munger, vice-presidente da Berkshire, Buffett construiu um império galgado nas premissas do value investing. Utilizando o tempo e os juros compostos a seu favor, sua holding de investimentos possui um retorno histórico anualizado de nada menos do que 20% ao ano desde a sua fundação – uma das marcas mais impressionantes do mercado.
A empresa de investimentos de Buffett reflete seu jeito de pensar e atuar no mercado financeiro. Ao longo dos anos, ele foi comprando ações de companhias que julgava serem negócios sólidos, com muito potencial de crescimento e um preço abaixo do seu valor intrínseco.
Uma delas foi a Coca-Cola, que teve mais de US$ 1 bilhão em ações compradas pela Berkshire entre 1988 e 1994. Hoje, a holding de Buffett possui cerca de 10% das ações da Coca-Cola, com um valor estimado de US$ 22 bilhões. Aliás, Buffett é assumidamente um fã da bebida e toma várias latinhas por dia.
Outra empresa que Buffett detém uma participação importante é a American Express. Provando que a estratégia de buy and hold (comprar e segurar) realmente funciona, o megainvestidor começou a investir na administradora de cartões em 1963 e hoje possui o equivalente a US$ 18 bilhões em ações da companhia.
Um investimento um pouco mais recente, mas também muito bem-sucedido, foi a compra de ações do Bank of America, em 2011. Naquele ano, a Berkshire adquiriu o equivalente a US$ 5 bilhões em papéis do BofA, que atualmente valem mais de US$ 27 bilhões.
Mas a maior posição da Berkshire Hathaway não está no setor bancário ou de alimentos, mas sim em tecnologia, com uma participação relevante na Apple. A holding do megainvestidor tem nada menos do que US$ 90 bilhões em ações da gigante de Cupertino.
Em 2015, a Berkshire Hathaway se aliou com a 3G Capital, empresa de investimentos dos brasileiros Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, em uma operação de fusão das empresas Kraft Foods e H.J Heinz. O 3G Capital ficou com o controle da Kraft Heinz e a Berkshire possui participação de 26,7% na companhia.
Hoje, aos 90 anos, Buffett ainda comanda sua empresa de investimentos e continua ao lado de Charlie Munger (96 anos) buscando grandes negócios para se tornarem sócios.
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